quinta-feira, 24 de julho de 2014

Corrupção....??? Será que tem jeito Brasil?

Essa palavra talvez seja a de maior impacto na atual sociedade brasileira, a qual presenciamos, vimos e até mesmo, participamos, porque não dizer; uma nota de R$ 50,00 que aparece em meio ao caderninho de multas, algumas notinhas que o fiscal encontra em meio aos seus pertences dentro da loja do comerciante, milhões que são entregues dentro de uma maleta por um grande empresário a um político qualquer; todas estas situações e outras ainda maiores são as características de um país criado e domesticado por uma nação colonizadora e corrupta.
O país do " jeitinho " traz nas suas mais diversas formas o desvirtuamento de hábitos, a corrupção nos seus mais diversos setores da sociedade entre os mais diversos tipos de pessoas - ricos, classe média e pobres; ninguém fica ileso à este mal que acompanha o ser humano sem bases morais e bons costumes.
Segundo grandes historiadores a corrupção veio na bagagem da coroa de Portugal que, mesmo não querendo ficar aqui,  também, em contrapartida, não queria abrir mão do Brasil; para convencer os fidalgos de Portugal a vir para o Brasil para sua ocupação, tinham que oferecer " vantagens " tentadoras; e qual, senão o dinheiro.
É claro que corrupção não é uma exclusividade brasileira, mas importa a cada um de nós falarmos apenas da " nossa casa "; a corrupção está enraizada nos nossos costumes, em nossos hábitos e em nossas veias e é bem verdade que pouco se faz para mudar isso; contrário disso, a cada tempo que passa, mais aumenta a proliferação deste mal que provém de um país colonizador e dominador por uma política de interesses no domínio de uma terra fértil e promissora.
É importante enfatizar que em meio a toda essa corrupção advinda da coroa portuguesa deu início também a duas situações-consequência da corrupção - o Nepotismo e o tráfico de influência. São duas ramificações da corrupção que engordam com ela.
Qual o custo dessa corrupção? É óbvio que os efeitos são catastróficos; todo o dinheiro desviado pela corrupção poderia ser usado eficientemente nos gastos públicos com educação, saúde, geração de empregos, políticas públicas, etc...
Somente um economista poderia explanar de forma mais sucinta o efeito da corrupção sobre a sociedade brasileira e a sua economia.; estimativas indicam que a corrupção reduz nosso PIB em até 2,3% todo ano. Existe realmente compromisso do Brasil em combater corrupção? Existe realmente interesse em diminuir ao menos, já que exterminar é quase impossível, coisa para Deus?
Em junho de 2005 o Brasil ratificou tratado da Convenção das Nações Unidas contra a corrupção, mas a percepção que se tem é apenas de crescimento da corrupção do país. Quando se ratifica um documento internacional, torna-se obrigado cumprir estes compromissos. O Brasil está cumprindo?
O povo brasileiro tem o poder nas mãos e não sabe usá-lo; podemos, unidos, modificar esta situação e não pensem que é através de urnas - pura mentira e alienação dos maiores interessados.
A quem temos na nossa política que podemos dizer que não é corrupto? Velhos babões que já estão lá a décadas, enchendo seus bolsos e enriquecendo suas famílias; semi-analfabetos sendo usados como marionetes dos mais espertos; gerações de políticos que cresceram no ambiente corrupto de seus antecessores; se houver um que tenha realmente vontade para fazer algo em função da sociedade, será com certeza, excluído e ficará desamparado ou, convenientemente, se juntará a eles.
A sociedade pode e deve fiscalizar de forma acirrada cada ato político e cobrar cada um deles.
Como disse GERALDO PASSOFUNDO :  " A corrupção não tem fim. a determinação do corrupto para eternizá-la é mais forte do que a nossa ação para combatê-la. " 





Por : Fátima Alcântara





domingo, 6 de julho de 2014

Relacionamentos nos dias atuais.


O quê se falar sobre relacionamentos em pleno século XXI, numa era de grandes evoluções e conflitos humanos internos?
De tempos em tempos, notamos a humanidade cada vez mais individualista e materialista; notamos que as pessoas, nessa sua individualidade, não se permitem mais a simplicidade e a naturalidade, não se permitem confiar ou serem confiáveis; notamos que não mais se cultiva o " ser ", mas sim o que se " deve ser ".
A busca constante pelos anseios, pelo sucesso e ascensão numa sociedade totalmente capitalista e direcionada ao materialismo, tornamo-nos frios, calculistas, obstinados por alcançar fama, sucesso e dinheiro e abandonamos aquilo que é essencial à essência humana - o " ser " interno.
Não obstante sabermos que, devido ao crescimento populacional, as diferenças de cultura e costumes nos levam à atitudes diferenciadas e mais racionais, analisando isso como um todo, podemos perceber que, ao abandonarmos certos conceitos morais e até cívicos, nos tornamos bem diferentes daqueles que já passaram por décadas de conhecimento e experiência na vida.
Não é obsoleto quando identificamos em nosso meio, pessoas com mais anos de vida que pensam e agem diferente daqueles com menos anos de vida; costumamos falar algumas frases muito conhecidas como : - este é das antigas...no tempo da vovó...etc...
Com a evolução e a tecnologia avançada, entramos numa era que, assim como tudo na vida, tem seus dois lados : o Ying Yang - o lado positivo e o negativo - o bem e o mal - o bom e o ruim; perdemos com isto alguns valores e conceitos e adquirimos alguns conhecimentos e experiências que melhoraram nossa condição de vida também.
A perda de valores humanos e a quebra de princípios foram exterminados por um sistema que visa apenas aquilo que é material e o que mais interessa aos fatores de conveniência da atual sociedade; estamos deixando de lado aquilo que é essencial para dar lugar àquilo que é urgente; status, poder e força sublinhados pelo - ...manda quem pode, obedece quem tem juízo...
A busca de uma sociedade menos desumana ainda impera em algumas mentes mais sábias; as pessoas estão desanimadas, desmotivadas...a depressão como mal do século, o egoísmo, o desinteresse e o desrespeito....tudo entrando num colapso universal.
Não somos máquinas criadas para sustentar um sistema social pautado em interesses comerciais, mas seres humanos, constituídos de corpo, alma e espírito (*) e direcionados a respirar um ar puro e viver uma vida de paz e harmonia, ao menos.
Perdemos a sensibilidade, a ternura e a capacidade de apreciar as coisas mais simples da vida; convivemos com a ostentação, a discórdia e o egocentrismo; não conseguimos mais imaginar uma sociedade sem corrupção, mentiras, engodos políticos, sem marginalização...
Vivemos, intimamente ligados à uma utopia de ver em todos, o respeito, a dignidade, a honra, a ética e a moral, sem percebermos que este sonho está aquém da nossa vã filosofia. Tudo está distorcido, tudo está desorganizado e desmoralizado. Parece-nos que caminhamos para o fim, quando todos falam em evolução. Mas pode-se falar em evolução quando nos deparamos com o abismo?
Como então não sofrermos os efeitos desta sociedade contemporânea nos relacionamentos? Lembramo-nos de algumas décadas atrás quando um namoro começava por meio de um diálogo e uma aproximação e em contraste, hoje, os relacionamentos começam por meio de redes sociais numa tela fria; nesta mesma época, quando alguém se aproximava, a priori, chamava para um cinema, um restaurante, hoje, chama-se para um motel; os relacionamentos iam se construindo com o tempo, criava-se um carinho, afeto, companheirismo e surgiam com isso um sentimento concreto, forte e decidido...
Hoje, a rapidez com que tudo acontece é a mesma que finaliza este relacionamento; hoje tudo é muito superficial nos vínculos afetivos; os relacionamentos tornaram-se jogos de interesse. Vivenciamos isso todos os dias por meios de telecomunicações; você vale pelo que você tem e não pelo que é; o prazer sem compromisso e a vida dupla, sem respeitar os sentimentos dos outros.
Há uma grande parcela de culpa de nós mesmos neste fato ou até mesmo culpa total. Não conseguimos entender os " amores " existentes, tanto mais complexos quanto a vida; amores que matam, que machucam, que magoam, que destroem; falam-se em sentimentos, mas apenas por palavras, quando na verdade, amor se mostra com atitudes, atitudes estas que devem ser , por sua natureza, à altura do sentido real da palavra AMOR.
O que impera hoje na atualidade são os valores estéticos e monetários; é óbvio que logo cairão na decadência da separação, pois um relacionamento não se constrói em cima de futilidades; a superficialidade nestes relacionamentos tendem a cair em derrocada.
Tudo começa numa escolha - somos nós que iremos partilhar as características escolhidas em nosso (a) companheiro (a) e não a sociedade, em função da qual vivemos; devemos rever os atributos que estamos priorizando.
O que se observa é a ausência do respeito mútuo, da cumplicidade entre os casais, o desrespeito entre ambos e a ausência de um amor construído em bases sólidas e não na ilusão dos relacionamentos do atual século e no jogo de interesses.
Como então mudar as estatísticas quanto aos relacionamentos nos dias de hoje? Pessoas estão cada vez mais solitárias, sozinhas, sem perspectivas quanto às outras e sem dar crédito a um relacionamento realmente duradouro e feliz.
Psicólogos, psicanalistas entre outros profissionais de conhecimento na área dão, cada um em seu entendimento, ideias e conselhos para melhorar ou até resolver esta situação; terapias de casais, entre outros preceitos são usados para tentarem atenuar uma situação que já vem decaindo a décadas.
Homens e mulheres reclamam dos relacionamentos - mentiras, traições, brigas, fofocas, etc... tudo numa inversão absoluta dos valores que deveriam somar numa relação entre duas pessoas que almejam manter um relacionamento saudável e feliz.
Alguma solução para isto? Que tal revermos nosso conceitos? Que tal retomarmos alguns valores? Que tal mandarmos flores ao invés de mensagens ou sermos cordiais ao invés de brigas e provocações? Que tal respeitarmos os sentimentos do(a) nosso (a) parceiro(a)? Que tal sermos mais sinceros e verdadeiros com nossos próprios sentimentos, assim, preservando também os sentimentos daqueles que dizemos amar?
Alguma sugestão?
Vamos tentar?


Por : Fátima Alcântara



sexta-feira, 4 de julho de 2014

....por onde andei....guardo saudades....

De todos os lugares que andei, guardo saudades....
Saudades de amigos que conquistei, de amigos que não houve tempo para conquistar, de amigos que perdi de uma forma ou de outra....
Saudades da minha infância, onde tudo era motivo de sorrisos e alegria, onde não haviam preocupações e nem motivos para chorar senão a dor de uma machucado pelas peripécias que eu fazia....
Saudades dos parentes que eram mais presentes e até daqueles que não quiseram ser....
De todos os lugares que andei, sinto saudades....
Saudades das paixões adolescentes que vivi; daquelas que me quiseram, mas eu não as quis e daquelas que eu quis mas não me quiseram e até daquelas que tive mas que o tempo levou de mim....
Saudades das brincadeiras inocentes, mas também daquelas nada inocentes ( que eram a minha cara)....
Saudades dos erros cometidos, mas que me faziam aprender o que era correto escolher, saudades dos acertos que me faziam vibrar....
Saudades até, da menina inteligente, mas que sofria bullying por sê-lo...
Saudades dos colegas de classe que pensei que seriam para sempre, mas que trilharam caminhos diferentes dos meus....
Saudades de quem se foi e jamais voltará; saudades dos que se foram, mas que poderiam ainda ao meu lado estar....
Por onde andei....guardei saudades....
Saudades até de loucuras da juventude, que pareciam inofensivas, mas que me fizeram correr muiiiito....
Saudades dos encontros e reencontros e até dos perdidos que encontrei....
Saudades do " tô nem aí "...das noitadas rebeldes....das loucuras de momento....
De todos os lugares que andei, sinto saudades....
Saudades de olhar no espelho e perceber que o tempo estava correndo contra mim.....
Saudades de, com o passar dos anos, perceber que cresci, que amadureci, que aprendi....
Saudades de sonhar e acreditar....saudades de acreditar no ser humano e poder esperar...
Sinto saudades das neuroses da minha passagem de menina para mulher e das descobertas ainda enigmáticas do que eu realmente era....
Saudades dos sonhos, dos ideais, dos objetivos que um dia, sabia, iria alcançar....
Saudades das broncas que levava da mamãe, mas que com a cara mais sem vergonha do mundo, sorria timidamente fingindo arrependimento...
De onde passei, guardo saudades....
Saudades dos amores que vivi e até daqueles que eu quis viver e não vivi....
Saudades de uma vida que ficou guardada apenas nas lembranças e que não mais poderei viver....
Saudades....apenas saudades....
Despedi-me destes anos e entrei em outros anos....e deles também sentirei saudades....
Saudades....apenas saudades....


Por : Fátima Alcântara

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Sob o véu....


Uma sociedade constituída quase que universalmente machista, não consegue apagar seus conceitos morais e civis da verdadeira concepção do termo MULHER e muito menos do ser MULHER. 
Desde os primeiros textos conhecidos como " verídicos " , a criação da mulher é vista como secundária, sempre depois da imagem do homem. " A primeira mulher " na concepção bíblica foi EVA; segundo o texto bíblico, EVA foi criada para ser companheira e auxiliadora do homem; daí já se denota a concepção machista no contexto religioso.
A partir desta concepção iniciou-se uma longa trajetória do machismo e da cultura patriarcal e sexista na qual estamos inseridos. O papel de mãe e dona de casa construiu-se por esta cultura machista. Sendo criados na influência dos ideais judaico-cristãos que associavam a figura feminina ao pecado e à corrupção do homem.
A existência da mulher é literalmente ligada à subordinação da mulher ao homem quando, metaforicamente, o contexto bíblico afirma que : - Eva é criada a partir da costela de Adão. 
Algumas passagens bíblicas dão mais ênfase ainda à ideia de que a mulher deve se submeter ao homem : 
" À mulher, declarou Deus : " Multiplicarei grandemente a sua dor na gravidez; com sofrimento darás a luz filhos."  Seu desejo será para o seu marido e ele te dominará." (Gên. 3.16)  Se a virgindade não for achada na moça : " ....levarão a moça à porta de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra." (Deut. 22.20-21). 
Já no novo testamento esta ignorância histórica prevalece : " Quero porém que entendam que a cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem..." (Coríntios 11.3); ....mas a mulher é glória do homem, pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem; além disso, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. (Coríntios 14.34-35)
Por causa destas concepções machistas religiosas, até o presente século, ainda existem aqueles que vêm a mulher como um mero objeto de seu bel prazer e uso; e porque não dizer, mulheres machistas que ainda conservam o entendimento de que nasceram para servir ao homem.
Esta cultura está impregnada no comportamento masculino ao se deparar com situações onde, acredita, serem do universo masculino; quando uma mulher dirige um carro ou efetua trabalhos até então desenvolvidos apenas por homens; quando ocupam cargos, até então ocupados apenas por homens ou quando tomam posição diante de situações até então vivenciadas apenas pela figura masculina.
O que determinou a exploração da mulher e sua submissão foi o patriarcado; na medida em que as riquezas iam aumentando davam uma posição mais importante ao homem na ordem de herança, destruindo assim o matriarcado, até então prevalente.
No capitalismo, a mulher luta contra a exploração e opressão; as mulheres representam  a metade da população humana e estão incluídas em uma estatística de 52% da população brasileira e são s que mais estudam nos dias de hoje; de uma forma geral as mulheres têm remuneração média de 30% a menos que os homens para exercerem a mesma função.
Uma mulher, na sociedade em geral, tem uma tripla jornada de trabalho já que, além do trabalho desempenhado fora de casa, a terceiros, desempenha também o trabalho do lar, ser mãe, estudar e os cuidados com o marido, quando casada.
Olhando por este prisma é fácil compreender que de frágil, nada tem a mulher e muito menos, submissa; a dependência está visivelmente no homem. É imperioso perceber que, a importância da atuação da mulher na sociedade está na construção da família, da moral e dos bons costumes, pois é ela quem tem melhor discernimento para tal construção.
Pode-se afirmar que hoje a mulher tem maior autonomia, mas longe de estar em pé de igualdade com o homem; ainda assim, luta pela conquista de assumir um papel importante na sociedade com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando voz ativa a seu senso crítico. 
Abandonou a ideia de inferioridade natural diante da figura masculina nos diferentes âmbitos da vida social. Conquistou espaços até então direcionados aos homens, atuou em diferentes setores demonstrando total domínio e objetivou situações de igualdade onde só existia a desigualdade.
Uma outra realidade pode ser vista em países onde ainda prevalecem as ideias patriarcais e religiosas quanto a concepção da mulher; não podemos nos esquecer de um fator que ainda predomina ainda neste século.
A violência contra a mulher tem ainda se propagado por todas as sociedades, mesmo aquelas mais evoluídas; as mais diversas formas de violência são propagadas em todas as sociedades: a violência física, psicológica, sexual e econômica.
Estatísticas absurdas e dolorosas são elaboradas todos os anos sem que haja punição adequada e diminuição em relação à estes atos hediondos cometidos contra as mulheres de todo mundo.
Encontramos no site http://www.onu.org.br/unase/sobre/situacao/ o seguinte:


VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: A SITUAÇÃO

O PROBLEMA
A violência contra as mulheres assume muitas formas – física, sexual, psicológica e econômica. Essas formas de violência se inter-relacionam e afetam as mulheres desde antes do nascimento até a velhice.
Alguns tipos de violência, como o tráfico de mulheres, cruzam as fronteiras nacionais.
As mulheres que experimentam a violência sofrem uma série de problemas de saúde, e sua capacidade de participar da vida púbica diminui. A violência contra as mulheres prejudica as famílias e comunidades de todas as gerações e reforça outros tipos de violência predominantes na sociedade.
A violência contra as mulheres também empobrece as mulheres, suas famílias, suas comunidades e seus países.
A violência contra as mulheres não está confinada a uma cultura, uma região ou um país específicos, nem a grupos de mulheres em particular dentro de uma sociedade. As raízes da violência contra as mulheres decorrem da discriminação persistente contra as mulheres.
Cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida.
As mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de sofrer estupro e violência doméstica do que de câncer, acidentes de carro, guerra e malária, de acordo com dados do Banco Mundial.
Violência praticada pelo parceiro íntimo
A forma mais comum de violência experimentada pelas mulheres em todo o mundo é a violência física praticada por um parceiro íntimo, em que as mulheres são surradas, forçadas a manter relações sexuais ou abusadas de outro modo.
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 11 países constatou que a porcentagem de mulheres submetidas à violência sexual por um parceiro íntimo varia de 6% no Japão a 59% na Etiópia.
Diversas pesquisas mundiais apontam que metade de todas as mulheres vítimas de homicídio é morta pelo marido ou parceiro, atual ou anterior.
  • Na Austrália, no Canadá, em Israel, na África do Sul e nos Estados Unidos, 40% a 70% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas pelos parceiros, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
  • Na Colômbia, a cada seis dias uma mulher é morta pelo parceiro ou ex-parceiro.
A violência psicológica ou emocional praticada pelos parceiros íntimos também está disseminada.
Violência sexual
Calcula-se que, em todo o mundo, uma em cada cinco mulheres se tornará uma vítima de estupro ou tentativa de estupro no decorrer da vida.
A prática do matrimônio precoce – uma forma de violência sexual – é comum em todo o mundo, especialmente na África e no Sul da Ásia. As meninas são muitas vezes forçadas a se casar e a manter relações sexuais, o que acarreta riscos para a saúde, inclusive a exposição ao HIV/AIDS e a limitação da frequência à escola.
Um dos efeitos do abuso sexual é a fístula traumática ginecológica: uma lesão resultante do rompimento severo dos tecidos vaginais, deixando a mulher incontinente e indesejável socialmente.
Violência sexual em conflitos
A violência sexual em conflitos é uma grave atrocidade atual que afeta milhões de pessoas, principalmente mulheres e meninas.
Trata-se, com frequência, de uma estratégia deliberada empregada em larga escala por grupos armados a fim de humilhar os oponentes, aterrorizar as pessoas e destruir as sociedades. Mulheres e meninas também podem ser submetidas à exploração sexual por aqueles que têm a obrigação de protegê-las.
As mulheres, sejam elas avós ou bebês, têm rotineiramente sofrido violento abuso sexual nas mãos de forças militares e rebeldes.
O estupro há muito é usado como tática de guerra, com relatos de violência contra as mulheres durante ou após conflitos armados em todas as zonas de guerra internacionais ou não internacionais.
  • Na República Democrática do Congo, aproximadamente 1.100 estupros são relatados todo mês, com uma média de 36 mulheres e meninas estupradas todos os dias. Acredita-se que mais de 200 mil mulheres tenham sofrido violência sexual nesse país desde o início do conflito armado.
  • O estupro e a violação sexual de mulheres e meninas permeia o conflito na região de Darfur, no Sudão.
  • Entre 250 mil e 500 mil mulheres foram estupradas durante o genocídio de 1994 em Ruanda.
  • A violência sexual foi um traço característico da guerra civil que durou 14 anos na Libéria.
  • Durante o conflito na Bósnia, no início dos anos 1990, entre 20 mil e 50 mil mulheres foram estupradas.
Violência e HIV/AIDS
A incapacidade de negociar sexo seguro e de recusar o sexo não desejado está intimamente ligada à alta incidência de HIV/AIDS. O sexo não desejado resulta em maior risco de escoriações e sangramento, o que facilita a transmissão do vírus.
Mulheres que são surradas por seus parceiros estão 48% mais propensas à infecção pelo HIV/AIDS.
As mulheres jovens são particularmente vulneráveis ao sexo forçado e cada vez mais são infectadas com o HIV/AIDS. Mais da metade das novas infecções por HIV em todo o mundo ocorrem entre os jovens de 15 a 24 anos, e mais de 60% dos jovens infectados com o vírus nessa faixa etária são mulheres.
Excisão/Mutilação Genital Feminina
A Excisão/Mutilação Genital Feminina (E/MGF) refere-se a vários tipos de operações de mutilação realizadas em mulheres e meninas.
  • Estima-se que mais de 130 milhões de meninas e mulheres que estão vivas hoje foram submetidas à E/MGF, sobretudo na África e em alguns países do Oriente Médio.
  • Estima-se que 2 milhões de meninas por ano estão sob a ameaça de sofrer mutilação genital.
Assassinato por dote
O assassinato por dote é uma prática brutal, na qual a mulher é assassinada pelo marido ou parentes deste porque a família não pode cumprir as exigências do dote — pagamento feito à família do marido quando do casamento, como um presente à nova família da noiva.
Embora os dotes ou pagamentos semelhantes predominem em todo o mundo, os assassinatos por dote ocorrem sobretudo na África do Sul.
“Homicídio em defesa da honra”
Em muitas sociedades, vítimas de estupro, mulheres suspeitas de praticar sexo pré-matrimonial e mulheres acusadas de adultério têm sido assassinadas por seus parentes, porque a violação da castidade da mulher é considerada uma afronta à honra da família.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) estima que o número anual mundial do chamado “homicídio em defesa da honra” pode chegar a 5 mil mulheres.
Tráfico de pessoas
Entre 500 mil e 2 milhões de pessoas são traficadas anualmente em situações incluindo prostituição, mão de obra forçada, escravidão ou servidão, segundo estimativas. Mulheres e meninas respondem por cerca de 80% das vítimas detectadas.
Violência durante a gravidez
A violência antes e durante a gravidez tem graves consequências para a saúde da mãe e da criança. Leva a gravidezes de alto risco e problemas relacionado à gravidez, incluindo aborto espontâneo, trabalho de parto prematuro e baixo peso ao nascer.
O infanticídio feminino, a seleção pré-natal do sexo e o abandono sistemático das meninas estão disseminados no Sul e Leste Asiáticos, no Norte da África e no Oriente Médio.
Discriminação e violência
Muitas mulheres enfrentam múltiplas formas de discriminação e um risco cada vez maior de violência.
  • No Canadá, mulheres indígenas são cinco vezes mais propensas a morrer como resultado da violência do que as outras mulheres da mesma idade.
  • Na Europa, América do Norte e Austrália, mais da metade das mulheres portadoras de deficiência sofreram abuso físico, em comparação a um terço das mulheres sem deficiência.
  • A violência contra as mulheres detidas pela polícia é comum e inclui violência sexual, vigilância inadequada, revistas com desnudamento realizadas por homens e exigência de atos sexuais em troca de privilégios ou necessidades básicas.
CUSTOS E CONSEQUÊNCIAS
Os custos da violência contra as mulheres são extremamente altos. Compreendem os custos diretos de serviços para o tratamento e apoio às mulheres vítimas de abuso e seus filhos, e para levar os culpados à justiça.
Os custos indiretos incluem a perda de emprego e de produtividade, além dos custos em termos de dor e sofrimento humano.
  • O custo da violência doméstica entre casais, somente nos Estados Unidos, ultrapassa os 5,8 bilhões de dólares por ano: 4,1 bilhões de dólares em serviços médicos e cuidados de saúde, enquanto a perda de produtividade totaliza quase 1,8 milhão de dólares.
  • Um estudo realizado em 2004 no Reino Unido estimou que os custos totais, diretos e indiretos, da violência doméstica, incluindo a dor e o sofrimento, chegam a 23 bilhões de libras por ano, ou 440 libras por pessoa.
Nós, mulheres, devemos nos unir com a consciência de que devemos e podemos vencer a discriminação e não nos mantermos alheias aos acontecimentos dentro e fora de nosso país natural; devemos lutar contra estes crimes hediondos cometidos para exterminar com estas ideias machistas e retrógradas, por um mundo melhor para nossos descendentes, mulheres e homens.


Por : Fátima Alcântara