quinta-feira, 8 de maio de 2014

O estupro da inocência e da dignidade

Não é preciso falar muito sobre um assunto que nos últimos anos vem sendo televisionado, discutido,  propagado e deixando enojados uma grande parte da sociedade, em particular, mulheres, mães que temem que aquilo que acontece lá fora, adentre em suas casas e famílias.
Um país com todas as suas nuances entre a nobreza e o proletariado, entre as desigualdades sociais e a indiferença daqueles que deveriam evitar este fato enfrenta, com auxílio da necessidade e dos anseios por condições melhores de vida,  a exploração sexual de meninas, que embora não sejam totalmente inocentes, mas inaptas a discernir qual melhor caminho a seguir e qual o caminho real da dignidade e do respeito pela sua própria vida e seu corpo.
Numa distância entre a compreensão do certo e do errado e a imagem da oportunidade de ter algum dinheiro, de maior poder de compra que aquele ao qual estão acostumadas, estas meninas tornam-se alvo fácil e frágil nas mãos de canalhas e doentes, que, não carregam a imagem de lobo-mau ou de vilões, mas de pessoas da alta sociedade com situação financeira considerável, status e poder político.
Nessa exploração desenfreada em busca de prazer, não se pode deixar de incluir a pornografia, o turismo sexual entre outros meios de sexo comercial, o abuso pelos mais próximos, muitas vezes parentes, onde crianças e adolescentes  praticam atividades sexuais, na maioria das vezes, para satisfazer necessidades essenciais, pelas quais, o Estado e a família são responsáveis diretos.
O exercício de coerção que deveria ser exercido pelo Estado é demente e inerte, facilitando a liberdade daqueles que cometem tais crimes e permitindo a sequência de acontecimentos em todas as regiões do país, ainda mais em lugares de extrema pobreza e ignorância, como também de total parcialidade dos representantes do povo.
O abuso sexual contra crianças e adolescentes ultrapassa toda a racionalidade e afronta a dignidade, o perfil psicológico , físico e mental da vítima destruindo sua identidade com seus conceitos de moral, virtudes e caráter.
Este abuso não se restringe a prostituição, mas também implica a outras modalidades como a pornografia infantil, turismo sexual e o tráfico de crianças e adolescentes para práticas sexuais com intuito comercial. Aceitar e compactuar com estes atos deve ser visto como crime  hediondo e punido como tal. A sociedade em seu mais complexo sistema de interesses e convenções fecha os olhos para uma realidade que já se prolonga por séculos.
Este é um tema que gera comoção geral e repugna nas pessoas que diferente dos que praticam, odeiam este fato; a vulnerabilidade sócio-econômica e psicológica da vítima, associada a  demanda de doentes e pervertidos são os pilares que sustentam as redes de exploração sexual no Brasil e no mundo.
A família é a base estrutural da criança; convivendo num lar onde se defronta com o alcoolismo, drogas, agressões físicas e psicológicas, não se pode esperar muito do futuro de uma criança; as ruas acabam por ser o refúgio, quando na verdade deveria ser o lar, o seio da família, o aconchego da casa onde moram.
A maioria destas vítimas são do sexo feminino, também, motivado pelo machismo que impera ainda em nosso país;  esta cultura retrógrada faz com que os homens vejam as mulheres como objetos que podem ser vendidas ou negociadas a seu bel prazer.
As consequências sofridas pelas vítimas deste ato hediondo são inúmeras, o que possibilita à sociedade, receber em seu meio, um ser humano totalmente desequilibrado e inapto à adaptação numa sociedade saudável.
As consequências físicas são doenças sexualmente transmissíveis, , agressões físicas, gravidez precoce, abortos, mutilações; as consequências psicológicas são depressão, fobia, perda da integridade moral, dignidade, baixa estima, dificuldades em relacionamentos e aprendizado, agressividade, transtornos, traumas, entre outros diversos já conhecidos.
Para enfrentarmos esse grave problema, a família, a sociedade e o Estado devem unir forças não só para punir energicamente os culpados, mas também, para prevenir e até evitar que este mal cresça e prolifere no meio da sociedade.
Cada um de nós, membros de uma sociedade e de uma família, devemos nos importar com tal fato e não apenas denunciar, mas também, encontrar meios de evitar que aconteça e que se consume tal fato em nossas famílias, como também nas demais.
A criança de hoje é o adulto de amanhã e, consequentemente, a sociedade futura. Combater este mal é tornar possível o sonho de uma sociedade mais justa e, moralmente decente para transformação para um mundo melhor.


Por : Fátima Alcântara