sexta-feira, 19 de julho de 2013

Culto ao corpo.

Já a algumas décadas, estamos enfrentando algumas situações sociais embasadas na alienação e não no pensamento racional, lógico e intelectual; aprisionados numa sociedade alienada e hipócrita, vivemos na ditadura das mídias e dos meios de comunicação, absorvendo o supérfluo e fútil, deixando de lado a identidade mais pura e próxima da realidade humana.
Nos aproximamos de tal forma à preocupação com a imagem e a estética que chegamos ao ponto de nos tornarmos escravos das ditaduras dos tempos modernos sem pararmos para analisar quão fúteis e débeis estamos.
Todas as classes sociais e faixas etárias estão entregues à esta alienação que é marcada pela distinção social, consumo alimentar, cultural e apresentação;  as dietas alimentares, o consumo excessivo de cosméticos, as idas à academias, uso de produtos químicos, impulsionados basicamente pelo processo de massificação das mídias a partir dos anos 80 criando novos padrões de aparência e beleza.
Propagandas veiculadas nessas mídias, como, vestuário, cosméticos e alimentação estão o tempo todo sendo vendidas, o que não está disponível nas prateleiras SUCESSO E FELICIDADE.  Os maiores alvos dessa desenfreada mídia consumista são os adolescentes, pois eles se preocupam muito cedo com a " beleza perfeita "  e pela  " vaidade excessiva ".
Evidentemente, a preocupação com um corpo saudável e dentro de um determinado padrão não pode ser visto como " culto ao corpo ", porém não devem ser de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas. Devemos sempre respeitar os limites do nosso corpo e a nós mesmos.
A mídia funciona como uma faca de dois gumes; da mesma forma que aliena, ela desperta. o ponto negativo é o estímulo gratuito à exaltação do corpo perfeito, das formas perfeitas e ideais e ao erótico. Neste ponto a mídia influencia negativamente quando exibe modelos comportamentais que " devem " ser seguidos sem que sejam avaliadas as consequências .
A fase de transição dos jovens em certa idade é influenciada por tudo que o rodeia, inclusive porque nesta fase, querem a todo custo " chamar atenção " de todos os demais adolescentes e jovens ao seu redor. 
O maior perigo desta influência é o excesso na preocupação com a forma ideal, onde jovens e adolescentes já pensam em cirurgias plásticas e lipoaspiração, mesmo antes do tempo necessário para desenvolvimento natural de seu corpo que pode sofrer alterações até mesmo até os 21 anos.
Esta é uma forte tendência de comportamento e uma das dimensões dos estilos de vida construídos pelo consumo nas sociedades contemporâneas.  Toma-se hoje, o corpo, como território de construção de identidade, objetivando a satisfação consigo mesmo num ponto onde deveria ser o menor de todos.
Perde-se a noção e dimensão das consequências psicológicas que esta exigência midiática pode tomar, focando a busca incessante da " perfeição física " nas cirurgias plásticas, deixando uma maior preocupação com a saúde do corpo.
Num determinado tempo o corpo adquire outros aspectos diferentes devido às circunstâncias da vida pessoal e social da pessoa, como por exemplo, no caso da mulher, ser mãe é uma delas. O corpo da mulher sofre grandes alterações genéticas e visíveis ao dar à luz. Assim como, engordar e emagrecer, trazem aspectos diferentes daqueles até então vividos.
O uso descontrolado de produtos químicos e até mesmo natural para alcançar a tal perfeição, a abstinência de alimentação e dietas milagrosas alteram totalmente o corpo que até então desenvolvia naturalmente dentro da sua forma natural.
Será que tanta neurose pelo corpo perfeito será satisfatória? Não irá apenas aumentar mais ainda a busca de formas melhores? Será que essa busca é realmente a plenitude da satisfação humana consigo mesma? Será que há limites estabelecidos?
Até onde o corpo humano pode suportar estas transformações? E a velhice, que chega para todos, será normal depois de tantas mudanças em sua estrutura? Será que, psicologicamente estas pessoas que se preocupam tanto com um corpo escultural estarão totalmente satisfeitas e felizes?
Na história ocidental, o corpo humano, era objeto de adoração e estudo, mas também de exploração e punição; suas imagens revelam antigos receios ligados à doença, ao envelhecimento e à morte, mas  também incitam a refletir sobre os lugares da alma, de Deus e do amor.
Hoje, o corpo humano é apenas a imagem erótica, principalmente o da mulher, ligado aos desejos sexuais e o alcance do estereótipo de beleza predominante da época e dos conceitos midiáticos.
Todos os nossos limites estão situados no equilíbrio da mente e do corpo saudável; isso não quer dizer que um corpo mais gordo ou mais magro é o que denota ser saudável, que um corpo escultural ou um corpo desalinhado seja exatamente o que faz alguém interessante.
O que mais tem colaborado para a transformação do ser humano em " objeto " é o culto ao corpo; com a pressão dos ideais de beleza impostos pela indústria da moda e alimentos veiculados na mídia, a valorização do " corpo perfeito " tornou-se uma obsessão global. Doenças como, anorexia, bulimia e vigorexia tomaram uma proporção assustadora, levando alguns à morte.
                                                                                                       


Com isto, o indivíduo se reduziu a um objeto, que só possui valor se estiver dentro dos padrões preestabelecidos de uma sociedade totalmente alienada e fútil. Correndo nesta briga contra a natureza e seus efeitos, não conseguem enxergar o que é impossível evitar; a gravidade e a velhice, onde os corpos, sejam eles esculpidos e esculturais ou não, não conseguem vencer este obstáculo.



Por : Fátima Alcântara

"Exercitem o corpo para que ele esteja saudável, mas não se esqueçam de exercitar também o cérebro."




domingo, 7 de julho de 2013

Amor eterno.


Falar de amor é sempre uma incógnita; hoje, no atual século, os amores estão cada vez mais complexos  e mais difíceis de decifrar; a palavra amor está mais próxima de um bom dia do que de um sentimento delicioso que acontece algumas vezes em nossas vidas.
Hoje existe aquele amor do apego, do costume do dia a dia; um amor que vai e vem como um brinquedo que ganhamos, usamos, enjoamos e jogamos fora; existe aquele amor possessivo, doente, que quer dominar, ser dono, mas depois de todo capricho, é capaz de ferir, machucar e até matar; há ainda aquele amor por interesses, inconsistente, por conveniência (que hoje talvez seja o preponderante), que enquanto as circunstâncias e os favores existem, ele subsiste, acabando a conveniência, transforma-se em raiva, inimizade, brigas, ódio; há ainda aquele amor de fantasia, que mais se aproxima de uma fase imatura, inconsciente de sua existência real. 
Jura-se amor eterno, fidelidade, lealdade, companheirismo, cumplicidade, mas no primeiro obstáculo ou tentação, lá se vai o tão aclamado AMOR.
Ainda que psicólogos e estudiosos tentem decifrar e definir o amor, as pessoas não conseguem chegar a um parâmetro sobre este sentimento tão sublime e especial que nasce dentro da gente, sem pedir licença, dominando todo o seu ser e tirando o ar a cada instante que pensamos na pessoa amada.
Este amor, que dá um friozinho na barriga, suspiros de saudades, que enche os olhos de luz ao ver a pessoa amada, que dá sentido à tudo que gira ao nosso redor, este amor que dá a sensação de liberdade aprisionado à ele, que nos faz dormir e acordar pensando na pessoa amada, este amor é hoje uma raridade.
Devido a isso, hoje, este amor de contos de fadas só é visto como verdadeiro nas novelas e nos filmes de romance; alguns até o consideram brega. No novo momento, onde as pessoas ficaram mais frias, mais individualistas, mais distantes do seu próximo; onde a tecnologia nos transformou em HD´s do mundo virtual, onde os " amores " acontecem rápido, mas também se vão rápido, ainda existe espaço para o verdadeiro amor. 
Aquele que perdura, talvez não pela eternidade, mas por um longo e delicioso tempo, onde duas pessoas que sentem prazer na companhia de apenas um ser e sentem-se completos com a presença  de alguém a quem seu coração escolheu.
É deste amor que quero falar:
É o amor inexplicável, incontestável, incondicional.
Um amor que um dia aconteceu sem ser percebido e que encheu um coração de uma felicidade inexplicável, deliciosa; é o amor que, somente por ouvir a voz, ou ver um sorriso da pessoa amada, já sente-se satisfeito e feliz.
Um amor que dorme e acorda com o rosto da pessoa amada na mente, que faz lembrar desta pessoa nos mais pequenos e simples detalhes da vida; um amor que daria a vida por apenas um sorriso da pessoa amada, um amor que se doa, que se entrega; um amor infinito.
Este amor é aquele que sonha viver o restante dos dias ao lado de apenas uma pessoa, que sonha construir uma história e uma vida ao lado de alguém; um amor que sonha, que espera, que acredita.
É o amor que ultrapassa os obstáculos, vence as barreiras e sobressai a todos os problemas da união de dois seres que, embora se amem, são falíveis e humanos; é este amor que supera todas as dúvidas, todas as desarmonias, todas as diferenças.
É este o amor que deseja de todo o coração viver ao lado da pessoa amada, todos os dias da vida até que a morte os separe. Embora, poucos acreditem,  ainda existe este amor; completo, cúmplice, verdadeiro, leal, absoluto.
Assim é o meu amor; incondicional, inesgotável, único, eterno.
"....podem se passar 1000 anos, ainda assim, eu te amarei.!"


Por : Fátima Alcântara






quarta-feira, 3 de julho de 2013

MARIONETES DE DEUS

NOTA : O que vou escrever aqui, se fosse escrito em tempos da inquisição, eu seria queimada na fogueira; para mim, como para todos que se aprimoram mais no conhecimento, não existe uma VERDADE ÚNICA, cada pessoa tem sua maneira de ver as coisas e compreendê-las. Assim, na minha visão, colocarei aqui alguns dilemas, dúvidas e conceitos a respeito de um assunto que talvez, nunca seja elucidado, mas que sempre será motivo de grandes discussões.





MARIONETES DE DEUS 

Estamos envoltos ainda em muitos mistérios quanto a nossa existência; o único conhecimento que temos além de algumas descobertas da ciência é o livro chamado " Bíblia Sagrada ".  Baseando-me nesse contexto, percebo muitas contradições e incógnitas que criam apenas mais dúvidas e perguntas e que com certeza não serão facilmente resolvidas, porém, devem ser analisadas.
O combate celestial entre Deus e Lúcifer iniciou todos os efeitos, dos quais somos hoje, protagonistas.
O que não se pode compreender nessa contrariedade quanto ao contexto bíblico; se Lúcifer era o anjo mais belo e forte do céu, regente do coral e se foi o próprio Deus ( Onisciente, Onipresente, Onipotente) que o criou, porquê então, este mesmo que o criou, permitiu que aquele fosse acometido pelo mal? Ou que tivesse entrado nele o mal? Mas este mal, de onde provém? Deus não é o princípio de TUDO?
E se Deus é tão poderoso assim, porque então não destruir simplesmente Lúcifer para que o mal não se espalhasse sobre a terra? Porque permitir que a sua criatura, nós, reles seres mortais fôssemos devorados por este sentimento perverso?
Toda a trajetória da história descrita no contexto bíblico, traz consigo muitas contradições e controvérsias que ainda deixam muitas dúvidas e perguntas em nossa mente.
- Porquê Deus nos criou? Com que intuito? Para quê viemos à terra?
- Porquê permitiu e ainda permite, se é que existe, a influência de satanás no mundo?
-Porquê permitir que o homem tomasse os caminhos que tomou, sendo Onisciente, podendo ao menos regular tantas atrocidades, tanta maldade, tantos erros?
E alguém pode falar de livre arbítrio. Será que temos realmente livre arbítrio? Entende-se por livre arbítrio = livre escolha, livres decisões; compreende a livre decisão e escolha entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos. A teologia afirma que a doutrina da Onisciência divina está em conflito com o livre arbítrio; se Deus sabe o que acontecerá e qual será a escolha de um ser humano, o livre arbítrio está ameaçado, ou em questão.
As escolhas que fazemos na vida são mesmo nossas? Somos conduzidos pela nossa própria vontade ou somos induzidos a acreditar que são estas as nossas escolhas?
Se somos realmente livres em nossas escolhas, porquê então,  a pressão psicológica do medo do inferno?  No mundo terreno, temos liberdade até certo ponto; até onde nos é lícito, temos certa liberdade, mas estamos sempre limitados pela lei, pelo outro, pelas circunstâncias, etc... nunca poderemos ter total liberdade; se assim o fosse, poderíamos roubar, matar, ou cometer qualquer atitude, sem prejuízo da nossa tão afamada " liberdade ". O " se " e o " não " estão sempre à frente desta liberdade.
Um momento interessante desta não menos interessante história bíblica é o momento em que Judas vende Jesus Cristo por 30 moedas; o próprio Jesus disse que sabia qual seria o apóstolo que o iria entregar. ( S. João 6.64), e uma referência no Salmo 55.12,13), sendo assim, entende-se que Judas estava predestinado a ser o traidor. Foi escolha de Judas ser traidor ou ele fora apenas mais uma marionete neste trecho da história do cristianismo?
Na história da saída de Moisés com seu povo, do Egito, o próprio texto afirma : " ..mas eu endurecerei o coração de faraó, para que não deixe ir o povo." (Êx. 4.21); " Eu, porém, endurecerei o coração de faraó..." ( Êx. 7.3)
A própria vinda do messias e toda a sua trajetória fora predestinada e tudo o que aconteceu cooperou para que este cenário fosse apropriadamente íntegro ao que foi profetizado. Teria então, sido colocada de propósito, a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim do Éden? Porquê então Deus a colocaria lá e alertaria à Adão e Eva que não a tocassem? Sendo Ele Onisciente, não sabia que Eva teria curiosidade em saber porque aquela árvore era proibida?
Muitos porquês, muitas dúvidas, ausência de respostas concretas; tudo isso apenas nos faz compreender que talvez, jamais, a ciência, o homem, saberá a verdade real sobre as verdadeiras intenções deste "ser " chamado Deus.
E, por causa do próprio entendimento, os homens criam conflitos, fazem guerras, odeiam, matam, separam-se em nome de Deus e de conceitos escritos em textos chamados " sagrados".
Então o que somos nós dentro deste contexto? Marionetes a serviço da vontade divina? Somos seres criados apenas para servir ao criador? E se não queremos serví-lo somos punidos? É a isso que chamamos " livre arbítrio " ? É uma troca a nossa relação com o divino?
Por meio da fé e crença no contexto bíblico, milhões direcionaram suas vidas e seguiram estas regras e até os tempos de hoje creem e seguem. A sua liberdade limita-se à regras estabelecidas pelo divino e àqueles que se rebelam e não seguem, sofrem graves consequências.
Num cenário histórico surpreendente e belo, mas cheio de contradições e misticismos, vemos a obscuridade de uma verdade ainda não muito clara e plena e uma liberdade ainda discutível. Não sabemos o que há na verdade do outro lado, não sabemos se realmente estes textos, os únicos que falam sobre o princípio do mundo e sua criação, são realmente uma  " verdade única ".
Se formos analisar à luz da filosofia, da sociologia, da ciência, entre outros conhecimentos, haverá sempre o conflito entre o conhecimento e a fé; a visão de cada pessoa situa-se dentro do limite do seu conhecimento e dentro dos limites da sua própria fé.



Por : Fátima Alcântara