quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sem máscaras....


A arte imita a vida....e o espetáculo tem que continuar!
Luzes, câmera, ação!
O que é verdade? O que é ficção?
Eu entro na vida pela porta da frente; nua, despida de tudo, da vergonha, do medo, das ilusões, do desalento, das intrigas, do desespero, da mentira e da verdade. Sem o manto das concepções, ideologias e filosofias, venho sem máscaras, sem preceitos.
Entro na vida e ela me transforma, me disforma, me dá máscaras. A primeira regra que aprendo : - Tenho que aprender!
Meu sorriso é incitado pelas fantasias, alegorias e motivos externos ao meu mundo; minhas lágrimas são sem sentido, inconscientes, as vezes banais; a arte de imitar a vida...eu estou aprendendo.
E a vida me conduz suavemente às mais intensas, complexas e diversas situações, mas não me permite ainda escolher qual delas mais me interessa. Ela me define, me lapida, me molda.
Depois de toda essa corrupção (no bom sentido nem tanto) do ser, saio luminosamente de trás das cortinas; entro para o palco chamado vida para estrelar minhas cenas e mostrar ao mundo uma face que não é minha. Compactuo com as alegrias e  tristezas dos espectadores e sou para eles como um mágico que, por um pequeno momento, os faz ir ao paraíso, antes que acordem para sua realidade.
E vem a vida e me conduz pelas mãos, passo a passo, e me leva para fora e mostra-me sua face; muitas vezes iluminada, com ar de alegria, ostentando fulgor, alimentando desejos, vontades, ambições; o prazer é imensurável; outras vezes ela torna-se inexorável, dura, implacável e me faz almejar fugir, sumir, consumir-me.
A plateia que assiste entusiasmada inebria-se na minha atuação pelas suas próprias ilusões identificando-se com minhas verdades ou mentiras; cada um com suas próprias conclusões. E eu, cansada de tanto revestir-me das máscaras que a vida me propõe, resolvo sair de cena.
Eu saio de cena, fecho as cortinas, mudo de palco; tiro as máscaras e me reconstruo.
As mesmas máscaras que a vida me impôs, me fazem agora, mostrar minha nudez, minha transparência; e eu saio de trás das cortinas, literalmente. Os reflexos dos holofotes agora não mais me iluminam, mas eu mesma estou reluzente.


Ser eu mesma, com minhas próprias concepções, minhas ideologias, meus ideais, minha forma de pensar; sem máscaras, sem teatro, sem cenas; atuando na vida, usando o que ela mesma me proporcionou por trás das máscaras.
Eu saio agora de uma casca construída por ela, para encenar um contexto todo meu, construído com as concepções daquilo que ela, a vida, me deu.
Formei as minhas próprias concepções para mostrar ao mundo que aprendi a aprender, mas que também aprendi a desenvolver; aquilo que a vida não me deu, mas também me ensinou. Eu aprendi a absorver da vida o melhor, o fascínio das verdades humanas, o mais puro do ser, para o qual todos filosofamos, mas nem todos colocamos em prática.
Eu entro no meu palco e encanto, desencanto; choro e faço chorar; dou risadas e faço sorrir. compactuo com os espectadores o meu ser, não mais as máscaras que a vida me deu. Aprendi a ser um ser individual, transparente, verdadeiro, leal ás minhas próprias concepções.
Continuo meu espetáculo na vida que escolhi, nos ideais que eu mesma criei, nas concepções que depreendi daquilo que a vida me ensinou; faço a minha própria peça, minha própria história. Seja ela interessante ou não para meus espectadores, ela é única, minha, livre das influências externas, mas baseada nelas, extraindo o melhor de tudo que elas me proporcionaram.
Saio de uma peça formatada pela vida para encenar uma peça composta por mim; certa de que o espetáculo deve continuar e que com toda certeza  serei ovacionada. Criei, moldei, reconstrui; mas como tudo na vida, o espetáculo será sempre reformulado, revisado, adaptado; o espetáculo será a imitação da vida que me condicionou a ser o que sou; imitação da arte da vida que me proporcionou escolher o que sou.
A arte imita a vida, ou a vida imita a arte?

E nessa arte eu evoluo, me construo e reconstruo; me reinvento, me projeto; e fecho as cortinas quando terminar meu espetáculo, deixando aos meus espectadores uma certeza : Eu vim para brilhar!


Por : Fátima Alcântara



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